campo grande

COP30

10/10/25 - 4 minutos de leitura

Artigo: O Brasil e o trunfo da multipotencialidade energética

"Precisamos de multipotencialidade de fontes e uma articulação adequada para a adição dessas fontes em nossa matriz, suportando o desenvolvimento socioeconômico do país"

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Artigo: O Brasil e o trunfo da multipotencialidade energética

"Precisamos de multipotencialidade de fontes e uma articulação adequada para a adição dessas fontes em nossa matriz, suportando o desenvolvimento socioeconômico do país"

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O Brasil chega à COP 30 em uma posição privilegiada. Atualmente, quase 45% da energia consumida no país vem dessas fontes renováveis, contra uma média mundial de apenas 15%, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética. Esse diferencial nos coloca como uma referência global, com a possibilidade concreta de liderar uma transição energética realmente democrática, ou seja, viável economicamente e que chegue para todos.

Para isso, precisamos de multipotencialidade de fontes e uma articulação adequada para a adição dessas fontes em nossa matriz, suportando o desenvolvimento socioeconômico do país e descarbonizando setores hard to abate. Diferente da substituição pura e simples de combustíveis fósseis por renováveis, é imperativo combinar diferentes tecnologias e fontes de energia de modo inteligente, aproveitando a vocação de cada um. Essa abordagem tem um objetivo claro: enfrentar o trilema energético, que exige equilíbrio entre segurança do suprimento, sustentabilidade ambiental e modicidade tarifária.

Nesse cenário, o gás natural e o biometano cumprem um papel fundamental. O gás natural, abundante e já presente em nossa infraestrutura, funciona como combustível de transição. Ele garante confiabilidade ao sistema em momentos de intermitência das renováveis e substitui fontes mais poluentes, como o óleo combustível e o carvão. Estamos vendo isso no dia a dia nas cinco distribuidoras que fazem parte do portfólio do Grupo Energisa no Espírito Santo, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Ao mesmo tempo, o gás natural cria as bases logísticas e tecnológicas para a chegada de moléculas de baixo carbono.

O biometano, por sua vez, materializa de forma exemplar o conceito de adição energética. Em 2026, passaremos a produzir o biogás e biofertilizante a partir de resíduos agroindustriais na nossa primeira usina, que será a maior do estado de Santa Catarina. Modelos como os que estamos desenvolvendo conectam energia e economia circular, reduzindo emissões, reaproveitando recursos e promovendo desenvolvimento regional.

Daniele Salomão

A expansão desse conceito pode diminuir a dependência de importações, substituir parte relevante do diesel na frota pesada e reduzir custos logísticos da indústria, ao mesmo tempo em que gera renda no campo. Trata-se de uma solução que endereça simultaneamente as três dimensões do trilema: é limpo, competitivo e seguro do ponto de vista de abastecimento em um país com tanta vocação para a agroindústria.

É importante termos claro que o avanço da eletrificação já em curso implica uma pressão sem precedentes sobre o consumo de energia. Ondas de calor, digitalização da economia e crescimento de data centers já são fatores que ampliam exponencialmente a demanda. É nesse contexto que a adição energética se mostra essencial. Em vez de escolher uma tecnologia, o Brasil precisa orquestrar sua pluralidade de fontes, combinando hidrelétricas, solar, eólica, biomassa, biometano, gás natural e, futuramente, hidrogênio, em um arranjo equilibrado que maximize as vantagens de cada uma.

Esse mix de fontes pode, inclusive, ajudar a resolver um dilema em áreas remotas da Amazônia Legal, que não estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional. A região gera 26% da energia consumida no país e, no entanto, ainda tem mais de um milhão de pessoas sem acesso à energia limpa e de qualidade. Em muitos casos, a população de comunidades inteiras têm energia por apenas algumas horas por dia graças ao uso de óleo diesel, um combustível altamente poluente. Algo inimaginável em 2025.

A coordenação de sistemas fotovoltáicos off grid com armazenamento por baterias e usinas termelétricas movidas por gás natural pode ser a solução para esse problema na Amazônia. O modelo, desenvolvido pela Energisa e já testado na comunidade da Vila Restauração, no Acre, oferece confiabilidade no fornecimento e redução das emissões de CO², contribuindo para a descarbonização da região que vai ser palco da COP. O modelo pode ser replicado para várias áreas isoladas na Amazônia, produzindo ainda um impacto positivo na tarifa de energia em todo o país, com a redução estrutural dos custos suportados pela Conta de Consumo de Combustíveis. Isso é democratizar o acesso ao insumo.

Essa estratégia não é apenas ambiental, é também econômica e geopolítica. Ao diversificar e integrar soluções energéticas, o Brasil aumenta sua resiliência, atrai investimentos de longo prazo e se coloca como fornecedor confiável de energia limpa. Além disso, reforça sua competitividade interna, reduzindo o risco de sermos o país da energia abundante, mas da conta cara, em razão de encargos e ineficiências acumuladas.

A COP 30, em Belém, é uma oportunidade histórica para mostrar ao mundo que o Brasil tem mais do que ambição: tem condições concretas de liderar. Liderar não apenas pela diversidade de fontes, mas pela capacidade de dar materialidade ao conceito de adição energética, integrando moléculas, elétrons e bites, que vão viabilizar todo esse processo com inovação. Mas essa liderança só será possível se governos, empresas, universidades e sociedade civil atuarem de forma coordenada e com visão de longo prazo.

Se conseguirmos avançar nessa agenda, estaremos não apenas enfrentando o desafio climático, que é talvez o maior que nós humanos já vivenciamos, mas também desenhando uma estratégia de desenvolvimento nacional baseada em segurança energética, inclusão social e protagonismo internacional.

O mundo busca soluções e o Brasil tem os recursos, a experiência e, sobretudo, a oportunidade de mostrá-las.

 

Daniele Salomão é vice-presidente de Gente, Gestão, Sustentabilidade e Comunicação do Grupo Energisa

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